Entidade pede plano de longo prazo, com medidas para ganho de competitividade internacional
"O Brasil tem negociado uma série de acordos de livre comércio, principalmente com nossos vizinhos, mas também com a União Europeia. Se este acordo vingar sem que a indústria brasileira seja competitiva, o que teremos é uma desindustrialização do Brasil. A produção será substituída por importações. Precisamos estar em pé de igualdade, com produtos que possam ser vendidos em qualquer mercado", diz Antonio Megale, presidente da Anfavea.
Um termômetro dessa competitividade é o mercado chileno. Aberto a importações de qualquer país, ele tem uma enorme quantidade de modelos fabricados na Europa à venda. Modelos muitas vezes similares aos fabricados no Brasil, que está muito mais próximo. E poderia chegar a preços mais competitivos àquele mercado. Não fosse nossa estrutura tributária, as leis que mudam ao sabor do vento e os altos custos de logística nacionais. Talvez seja mais caro mandar automóveis cordilheira acima do que em um navio que cruza o Atlântico.
O substituto do Inovar-Auto, tenha o nome que for, vai mirar em maior produtividade, redução de custos, pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias e principalmente no setor de autopeças. "Temos de capacitar os fornecedores a venderem não só para a indústria brasileira, mas também para exportar componentes e atender outros mercados. É preciso reforçar a cadeia de autopeças", diz o executivo.
Como a Argentina também tem planos ambiciosos para sua indústria, Megale diz que gostaria de criar uma complementariedade entre as indústrias de autopeças brasileiras e argentinas. O ambiente mais especializado evitaria choques de interesse entre os países, mas também dependeria de um bom relacionamento entre os vizinhos e do reforço do Mercosul. No governo de Cristina Kirchner, a Argentina barrou a entrada de milhões de produtos brasileiros em seu mercado, inclusive automóveis e componentes. Dependendo do mandatário do momento, a estratégia pode funcionar. Ou não...
É por isso que a Anfavea também quer um reforço de segurança jurídica no pacote, com leis estáveis e de longo prazo. É o que falta ao país para receber investimentos de grande porte: regras claras e que não mudem de um governo para o outro. Ou seja, a tal da "previsibilidade" que Megale fala desde que assumiu a Anfavea.
Se o plano endereçar estas demandas, ou pelo menos uma boa parte delas, talvez já se crie um ambiente propício a transformar o Brasil em algo que ele luta desde sempre para ser: um grande mercado consumidor de automóveis e também uma plataforma de exportação. Mas talvez não seja o suficiente para justificar ou estimular investimentos em pesquisa e desenvolvimento. Resta saber como o substituto do Inovar-Auto fará essa mágica. Acompanharemos de perto.
Fonte: Motor 1
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