Algumas dão seus nomes a casas de espetáculo. Outras promovem iniciativas artísticas e culturais específicas.Desde 2012, por exemplo, a Renault detém os “naming rights” do Teatro Renault, uma das casas de espetáculo mais tradicionais de São Paulo.
Neste ano o teatro colocou em cartaz o musical “Wicked”, celebrado até por artistas que participam do espetáculo. “O Teatro Renault tem história! Foi lá onde assisti a meu primeiro musical da Broadway no Brasil e conheci atores que se tornaram ídolos e hoje em dia se tornaram colegas de elenco. É um teatro muito especial pra todos os atores de musical”, diz Myra Ruiz, que interpreta a “verde” Elphaba.
A clássica fachada do Teatro Renault, na avenida Brigadeiro Luís Antônio
“Somos patrocinadores pelo quarto ano consecutivo do Festival de Teatro de Curitiba. Somamos também o patrocínio da Expo Renault Barigui, que sedia alguns dos eventos mais importantes do Paraná”, conta Claudio Rawicz, gerente de marketing da marca francesa.
Pelo segundo ano consecutivo, a Renault é patrocinadora da Casa Cor, que em 2017 estará presente em 17 cidades. O carro oficial da mostra é a picape Duster Oroch. Para Rawicz, ligar a marca a cultura é extremamente importante para o relacionamento e para o contato com públicos de relevância.
“Em cada um desses espaços, temos possibilidade de fazer ativações de produtos e de ampliar o conhecimento do público em relação à marca e aos produtos. Somente no Teatro Renault, por ano, passam 2 milhões de pessoas.” Não faltam incentivos na linha “vamos ao teatro”. Clientes Renault que façam aniversário ou tenham determinado tipo de produto são beneficiados com pares de ingressos ou descontos.
No Festival de Teatro de Curitiba, todos os clientes Renault têm desconto de 50% na compra de ingressos para os espetáculos. O mesmo acontece na Casa Cor, em que clientes têm desconto na compra de ingressos em todas as 17 praças em que o evento foi ou será realizado em 2016.
Se o Teatro Renault fica no centro de São Paulo, a região também é prestigiada pela companhia de seguros Porto Seguro, que patrocina espetáculos teatrais, shows e exposições de arte.
“Inauguramos um teatro, em maio de 2015, e um Espaço Cultural, em janeiro de 2016, no bairro de Campos Elíseos, onde fica a matriz da empresa, como forma de além de incentivar a cultural, nos relacionar com clientes e prospects, e contribuir com a revitalização da região central da cidade”, conta Ronaldo Celestino, gerente de Marketing Institucional da Porto Seguro.
Clientes têm desconto nos espetáculos culturais, incluindo um acompanhante. No caso de estacionamentos, o complexo cultural formado por teatro, café e restaurante Gemma, Espaço Cultural e estacionamento, clientes da empresa contam com 50% de desconto nos ingressos, cursos e oficinas de arte.
Vista geral do Teatro Porto Seguro: revitalizando o centro de SP
“Divulgamos a programação no Clube Porto, o clube de benefícios dos clientes Porto Seguro. Basta acessar o site [www.clubeportoseguro.com.br] e clicar em ‘Lazer e entretenimento’. Para conhecer mais detalhes sobre a programação do Teatro Porto Seguro, basta acessar www.teatroportoseguro.com.br e, sobre a programação do Espaço Cultural, www.espacoculturalportoseguro.com.br.”
Outra empresa cujo nome virou casa de espetáculos é o Banco Honda Hall, inaugurado no início deste ano com uma programação especial de shows de humor e improviso. Inspirado na atmosfera intimista de casas noturnas de Las Vegas, o espaço atende 250 pessoas acomodadas próximas ao palco para melhor visibilidade e interação com os artistas.
Segundo a empresa, o projeto surgiu a partir do desejo da Honda de oferecer novas experiências que proporcionem entretenimento, seja para atuais clientes, seja para potenciais e parceiros, como a rede de concessionárias. Depois foi a vez de o Consórcio Honda House abrir as portas para o público.
Fachada do Banco Honda Hall: inspirado nas casas intimistas de Las Vegas
A segunda casa de eventos da marca japonesa estreou no dia 2 de julho e funcionou até o final do mesmo mês na temporada de inverno de Campos do Jordão. A programação contou com peças infantis a shows de humor e música ao vivo.
Além das apresentações gratuitas, os consumidores e fãs da marca tiveram à disposição um showroom com exposição de produtos de sucesso como o HR-V, scooters e motos de alta cilindrada.
Lounge da Audi
Lounge. É esse o conceito de espaço que a Audi mantém na Oscar Freire, tradicional rua de grifes mundiais. Inaugurado em 2014, o Audi Lounge foi criado para trazer experiências do universo da marca alemã ao público, além de abrigar um centro de cultura e sensações, com direito a exposições de arte e música. Além disso, permite o aluguel de carros da linha esportiva (Audi Rent Xperience).
No espaço de 600 m² há ainda exibição de protótipos, lançamentos da marca e uma linha do tempo – o Memory Room – de fatos importantes na trajetória da Audi no Brasil e no mundo. No terraço o Audi Lounge abriga uma unidade do restaurante japonês Sushibol.
Audi Lounge: universo histórico na Oscar Freire, rua das grifes
São recebidos no local ainda workshops, exposições e festas que fomentam a moda, a cultura e o conhecimento da marca. Clientes têm acesso shows, palestras, workshops e exposições exclusivos para eles. É oferecida ainda possibilidade de aluguel de salas. Clientes ou não podem checar a programação do Audi Lounge nas redes sociais, no site da Audi e demais divulgações feitas pela marca em seus diversos canais nas redes sociais.
Cinema é a grande vitrine de outra alemã, a BMW. “O grupo é apoiador do desenvolvimento da cultura e, globalmente, promove ações de incentivo, seja por meio da presença de seus automóveis em grandes produções, seja por meio do patrocínio de exposições, concertos e eventos”, diz Nina Dragone, diretora de Marketing & Produtos da BMW Brasil.
“Nos últimos 50 anos, o BMW Group esteve envolvido em mais de cem projetos e cooperações culturais em todo o mundo, relacionados à arte moderna e contemporânea, música erudita e jazz, arquitetura e design.”
Um dos maiores projetos da marca no segmento cultural é o BMW Art Car, criado pelo piloto francês Hervé Poulain em 1975 e que dura até hoje. A ação consiste em convidar artistas renomados para transformar os automóveis em obras de arte.
Em 2009, o projeto deu origem a uma mostra itinerante, que foi exibida pela primeira vez no Museu de Arte de Los Angeles (Estados Unidos). No próximo ano, a 18ª edição acontece na China. Nos últimos 40 anos, a marca já firmou parcerias com artistas como Andy Warhol, Jeff Koons, Daniel Barenboim, Jonas Kaufmann e a arquiteta Zaha Hadid.
Pierce Brosnan junto a BMW Z8 em “007 - O Mundo Não é o Bastante” (1999)
Outra marca da empresa é o Product Placement – no Brasil conhecido merchandising nas telenovelas. No caso da BMW, seus carrões aparecem em filmes, programas de TV, jogos e clipes musicais. “Um bom exemplo dessa prática é a presença dos automóveis BMW em famosos longas-metragens, como ‘Missão Impossível 4’, ‘Uma Saída de Mestre’ e ‘007 - O Mundo Não é o Bastante’, cooperando para a viabilização de projetos audiovisuais.”
“Escolhemos com cuidado em quais trabalhos vamos inserir nossa marca e buscamos conteúdos que estejam alinhados ao perfil dos nossos clientes. O BMW Group realiza esse tipo de inserção durante todo ano e já divulgou seus automóveis e motos em vários blockbusters”, completa Nina. Redes sociais também são a grande fonte de informação para saber onde encontrar os veículos da marca.
Até Caravaggio
Fora do eixo Rio-São Paulo, a Fiat investe na Casa Fiat de Cultura, primeiro espaço cultural criado por uma fabricante de automóveis no país – foi há dez anos, para comemorar três décadas da empresa no país.
“Sempre com programação gratuita, entre 2006 e 2016, a casa realizou 25 exposições, como Caravaggio, Rodin, Chagall, Roma, Tarsila do Amaral e tantos outros ícones da história da arte, reunindo acervos dos mais importantes museus e coleções do Brasil e do mundo”, diz José Eduardo de Lima Pereira, presidente da Casa Fiat de Cultura.
Exposição de Caravaggio na Casa Fiat de Cultura
“Fizemos também inúmeras itinerâncias, que contemplaram cidades como São Paulo, Rio, Porto Alegre, Brasília e ainda Itália e Argentina, invertendo o eixo cultural do país, ao inserir Minas Gerais como um polo produtor de cultura.”
Segundo ele, concessionários da marca têm utilizado de modo criativo a Casa Fiat de Cultura em suas políticas de relacionamento com os clientes. Visitas especiais são organizadas para grupos selecionados. A percepção, diz o presidente, é que a casa foi criada como um braço de responsabilidade social e cidadania da agora FCA - Fiat Chrysler Automobiles.
“De um lado, temos a arte, o conhecimento, a educação, a inclusão social e a transformação das pessoas. De outro, uma relação afetiva entre a marca e toda a sociedade.” Toda a programação da Casa Fiat de Cultura é gratuita, desde as grandes exposições até as palestras, oficinas, minicursos e ateliês abertos.
Investir em cultura de base nas regiões em eu atua também faz parte das iniciativas da Mercedes-Benz. A empresa patrocina algumas ações, tais como o projeto Guri, promovido pela entidade Amigos do Guri, que disponibiliza cursos de canto, coral, aulas de instrumentos de corda, sopro, teclado, percussão e iniciação musical para crianças e jovens de comunidades carentes.
Vista da Mercedes em São Bernardo do Campo (SP): aposta na comunidade
Elas acontecem em todo o país, mas desde 2013 estão em Iracemápolis (SP), onde está a mais nova unidade de produção da marca, e cidades próximas, disponibilizando 235 vagas anuais. Até o momento mais de 700 crianças já participaram.
Há ainda o projeto Estrelas do Amanhã, que visa auxiliar o desenvolvimento profissional dos jovens aprendizes, na escolha de suas carreiras, por meio de cursos e palestras. O programa é realizado com os estudantes que ingressam na fábrica de São Bernardo do Campo (SP) pelo Centro de Formação e Integração Social ou pelo Centro de Integração Empresa-Escola.
Outra iniciativa é o Por Dentro da Mercedes-Benz, que leva estudantes de escolas técnicas do ensino médio e superior de todo o país para conhecer os principais processos de linhas de produção dentro das fábricas de São Bernardo e Juiz de Fora. O programa recebe semanalmente turmas formadas por cerca de 30 pessoas interessadas em conhecer os principais processos que envolvem a produção de caminhões. No último ano a Mercedes recebeu mais de 900 estudantes.
“Também patrocinamos desde o início de 2016 projetos de exposições do Masp, um dos mais importantes museus de arte da América Latina, por meio de leis de incentivo aplicadas em projetos sociais e esportivos”, conta Luiz Carlos Moraes, diretor de Comunicação e Relações Institucionais da Mercedes-Benz do Brasil.
Mas os alemães também caem no samba. “Samba Se Aprende na Escola” é um projeto criado pela escola Rosas de Ouro em 1995, com a ideia de retirar crianças e adolescentes das ruas e levá-los para a escola para aprender a tocar algum instrumento de percussão. A Mercedes-Benz apoia o projeto desde 2015 e hoje conta com mais de cem crianças e adolescentes de cinco comunidades próximas à quadra da escola, na Freguesia do Ó (zona norte de São Paulo).
De acordo com Moraes, o objetivo da Mercedes-Benz com esses projetos é contribuir com a educação e com o desenvolvimento social de crianças, adolescentes e adultos. Porque fábricas de automóvel e demais empresas que atual no segmento também são cultura.