Ao lado de novo motor a diesel, o utilitário esporte impressiona pelo requinte e as tecnologias de assistência
Na marcha pela condução autônoma, que promete transformar o motorista em passageiro em alguns anos, a Volvo apresenta no Brasil o utilitário esporte XC90 com assistente capaz de dirigi-lo por si mesmo a até 130 km/h. Essa não é a única novidade do modelo para 2017: há também um motor biturbo a diesel de 2,0 litros e potência de 235 cv, que se soma à unidade T6 a gasolina de mesma cilindrada com turbo, compressor e 320 cv. A expectativa é vender em 2017 cerca de 700 unidades do modelo, das quais 60% a diesel.
O XC90 D5 Drive-E é o segundo SUV a diesel da Volvo no País, depois do XC60 D5 lançado em agosto. Os preços sugeridos — promocionais de lançamento, segundo a empresa — são de R$ 369.950 para a versão Momentum e R$ 419.950 para a Inscription (veja a relação de equipamentos no quadro abaixo). Os principais concorrentes a diesel são BMW X5 XDrive 30d (258 cv, R$ 399.950), Mercedes-Benz GLE 350D Sport (258 cv, R$ 407.900) e Range Rover Sport SDV6 SE (306 cv, R$ 422 mil). Outras alternativas são Audi Q7 TFSI (333 cv, R$ 400 mil), Jaguar F-Pace V6 (340 cv, R$ 406.300) e Porsche Cayenne V6 (300 cv, R$ 377 mil), a gasolina.
Se de início a cilindrada de 2,0 litros pode parecer modesta para um grande SUV de quase 2,2 toneladas, o torque máximo de 49 m.kgf entre 1.750 e 2.250 rpm o desmente: é comparável ao das picapes a diesel na faixa de 2,8 a 3,2 litros. De acordo com a marca sueca, a aceleração de 0 a 100 km/h requer apenas 7,8 segundos e a velocidade máxima é de 230 km/h. Como referência, o motor T6 a gasolina oferece 40,8 m.kgf de 2.200 a 5.400 rpm e permite 0-100 em 6,5 s com a mesma máxima.
Uma solução peculiar foi adotada para respostas mais rápidas ao acelerador: o Power Pulse. O ar admitido da atmosfera é comprimido em um depósito, por um pequeno compressor elétrico, e enviado ao coletor de escapamento quando se acelera o carro abaixo de 2.000 rpm em primeira ou segunda marcha. No coletor, o ar adicional contribui para fazer girar mais rápido a turbina e assim o compressor que impulsiona ar aos cilindros, uma forma de combater o retardo de atuação de turbo (turbo lag).
A outra novidade do XC90 2017 é a segunda geração do sistema Pilot Assist, recurso exclusivo na categoria. Por meio de sensores e câmeras que monitoram as faixas das vias e sistema de comando para aceleração, frenagem e movimentação do volante, o SUV pode conduzir a si mesmo em velocidades de até 130 km/h (antes era limitado a 50 km/h), bastando ao motorista manter as mãos no volante e ficar preparado para assumir em qualquer emergência. O sistema pode seguir as faixas de rolamento (que precisam estar bem sinalizadas) mesmo em curvas abertas e, como em qualquer controlador de velocidade ativo, mantém distância segura dos veículos adiante. O motorista reassume o comando ao usar um dos pedais, acionar o volante ou as luzes de direção.
Como é tradição na Volvo, diversos outros dispositivos elevam os graus de segurança ativa e passiva. Se o motorista tentar uma conversão à frente de um veículo no sentido oposto, o XC90 detecta e freia. Se não observar a faixa de rolamento, o carro o alerta e exerce força no volante para tentar se manter na faixa. Se houver outro veículo, pedestre, ciclista ou mesmo grande animal na trajetória, o sistema de visão noturna detecta e os freios são acionados. Há ainda a profusão de bolsas infláveis e auxílios eletrônicos já comum no segmento.
O XC90 foi concebido com base na plataforma SPA (Scalable Product Architecture, arquitetura escalável de produtos), que serve a outros modelos médios e grandes da marca. Seu estilo não busca ousadia, mas uma elegância tradicional e duradoura — coerente com o sucessor de um modelo fabricado de 2002 a 2014 na Suécia e ainda em produção na China. O feixe de leds dos faróis, hoje marca da empresa, é conhecido como “martelo de Thor”.
O interior de sete lugares esbanja sofisticação, com revestimentos de alto padrão em couro, alumínio e madeira — de verdade, não imitação — e detalhes bem elaborados, como se espera nessa faixa de mercado. O espaço interno é bastante amplo. Quando não em uso, os bancos da terceira fileira podem ser escamoteados para ampliar a capacidade de bagagem. Mesmo configurado para sete ocupantes, resta um volume útil de 350 litros.
O painel central foi organizado com o menor número possível de botões, oito. O resto — áudio, telefone, navegação e outras funções — foi concentrado em uma tela sensível ao toque de nove polegadas, a Sensus Navigation Pro, tão ampla que foi posicionada na vertical. Ela traz apenas três menus principais: o inicial, um acessado movimentando-se à direita e um à esquerda. A intenção foi exigir o mínimo possível de toques para acessar e ajustar as funções. O botão de partida deve ser girado no sentido horário para ligar o motor e, para desligar, no sentido anti-horário.
O ar-condicionado tem quatro zonas e os bancos dianteiros trazem regulagens elétricas de posição, ajuste lombar e extensão de apoio das pernas, além de memória de posição, aquecimento e ventilação em três níveis através do couro perfurado. Os da fileira central, além de aquecimento, contam com assento para crianças de tamanho intermediário. Na versão Inscription o áudio desenvolvido pela especialista inglesa Bowers & Wilkins soma 19 alto-falantes e 1.400 watts.
Outras comodidades são assistente de estacionamento, que manobra o carro em vagas tanto perpendiculares quanto paralelas; alerta de tráfego lateral, monitor de pressão dos pneus, preaquecimento da cabine e quadro de instrumentos de 12,3 pol com configurações. Uma projeção no para-brisa indica, além da velocidade do carro, a velocidade-limite da via (por sistema de leitura de placas), pedágios e radares fixos adiante. Há ainda aviso ao motorista desatento ou cansado e, como em todos os carros da marca, o serviço de segurança, proteção e conveniência Volvo On Call com atendente remoto.
Ao volante do XC90 D5
A avaliação pela imprensa foi um percurso de ida e volta de São Paulo a Amparo, no interior paulista, por rodovias, estradas sinuosas e estradas de terra. O XC90 mostrou agilidade acima do esperado para seu peso e tamanho. Carro a diesel? Nem parecia — silêncio interno incrível, mesmo em velocidades impublicáveis. Mas nem sempre se quer silêncio nesse carro, pois o sistema de áudio permite uma qualidade sonora difícil de encontrar em veículos de série. Entre as opções de ajuste, uma reproduz a acústica da Ópera de Gotemburgo, ideal para se ouvir orquestras e óperas.
O sistema semiautônomo funciona bem, mas no teste o desvio de trajetória não era feito sempre que se precisava. A falha não deve ser creditada ao carro: como ele usa as faixas de tráfego como guias, não podia funcionar quando a pintura das faixas era falha ou incompleta, caso em que a não-atuação era indicada no painel. De qualquer maneira, deve-se deixar sempre as mãos ao volante: o objetivo do sistema é ser auxiliar ao motorista, diminuindo os riscos de acidente, e não o substituir. Por essa razão, o sistema alerta se o condutor não estiver com as mãos em posição. O acionamento é feito por meio de um botão no raio esquerdo do volante.
O XC90 pode ser configurado entre os modos de condução Comfort, Eco, Dynamic e Off-Road, por meio de um seletor no console, o que afeta parâmetros de motor, transmissão, direção e até mesmo instrumentos. A suspensão da versão Inscription usa molas pneumáticas e controle eletrônico de amortecimento, cuja eficácia foi analisada no trecho de estrada de terra: pôde-se sentir o quanto o carro se adapta a essa condição. As bolsas de ar permitem ajustar a altura de rodagem.
Embora menos potente que a versão a gasolina, o XC90 a diesel demonstrou a validade desse tipo de motor no atual estágio de desenvolvimento, em que inconvenientes como ruído, vibração e emissão de fumaça preta foram eliminados. De resto, o topo de linha da Volvo no Brasil conquista pelos atributos de conforto, segurança e até — por mais indesejado que seja aos aficionados por dirigir — por assumir cada vez mais tarefas que antes cabiam ao motorista.
Fonte: Best Cars
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