Todo mês na revista CARRO o consultor técnico Bob Sharp responde às dúvidas dos leitores sobre tudo que cerca o universo do automóvel. Veja algumas delas:
DÚVIDA: Sempre leio nos testes sobre a suspensão dos carros e, na traseira, costumo ler, por exemplo, eixo de torção e multibraço. O que é isso exatamente e qual a melhor?
Norman Stone (São Paulo, SP)
RSPOSTA: A suspensão traseira multibraço (multilink, em inglês) é independente, e a manga de eixo é ligada ao chassi por vários braços — 4 ou 5, daí o nome — e desse modo permite, mediante projeto apurado, estabelecer posicionamento ideal da roda, seja vertical ou longitudinal, para máxima aderência e melhor comportamento do carro nas curvas. Por exemplo, ao veículo rolar, a roda permanece com o câmber e a convergência ideais. Exemplos: Focus, Golf. Já o eixo de torção é uma suspensão semi-independente, apresenta alguma independência entre as rodas e pode até dar a elas efeito direcional útil, mas tem a desvantagem de não possibilitar câmber ideal nas curvas, que muda junto com a rolagem. Exemplo: praticamente todos os carros pequenos e médios hoje.
DÚVIDA: Os engates instalados na traseira dos automóveis não haviam sido proibidos? Como é que tenho visto tantos carros com o equipamento?
Emílio dos Santos (Cotia, SP)
RESPOTA: Ao contrário do que muitos esperavam, a resolução Contran nº 197, de 25 de julho de 2006 infelizmente não proibiu os engates, apenas regulamentou a questão, o que de certa maneira desestimulou a instalação desenfreada que vinha ocorrendo. Entre os pontos de regulamentação, o veículo deve ter previsão para ter engate, sem o que o carro fica em situação irregular caso tenha um instalado. Caso, por exemplo, dos Honda, mas há outros, constando a restrição do manual do proprietário.
DÚVIDA: Com a gasolina tendo mais etanol, como fica para quem não tem carro flex? Será mesmo que terei de abastecer com gasolina premium, que, parece, que não terá mudança? Meu carro é um Celta 1.0 VHC 2003.
Abílio Geraldes (Jundiaí, SP)
RESPOSTA: Há três questões relacionadas ao porcentual de etanol. Uma, a relação ar-combustível; outra, o maior ataque químico às partes do motor e sistema de alimentação; e a terceira, a questão da octanagem da gasolina. Seu carro já foi previsto para gasolina com 22% de etanol e tolera os 25% adotados no começo dos anos 2000. Com esses 2% a mais de agora não deve haver tanta diferença, embora a mistura ar-combustível vá ficar um pouco mais pobre do que já estava, podendo haver pequenas hesitações nas retomadas de velocidade. Mas isso só testando e, ocorrendo realmente, para evitar só usando gasolina premium, que não terá aumento de porcentagem de etanol. Quanto à corrosão, não deve haver. A octanagem, ou seja, a resistência à detonação, é que aumentará, podendo até ser eventualmente benéfica. Todavia, o poder calorífico diminuirá ligeiramente e haverá leve aumento de consumo de combustível, o que é inevitável.
DÚVIDA: Tenho um carro americano importado diretamente, a gasolina, ano 2011, no qual só utilizo a tipo comum, e funciona bem. Será que haverá problema por conta do maior percentual de etanol na gasolina?
James de Oliveira (São Paulo, SP)
RESPOSTA: O maior problema dos automóveis importados por essa via é não serem recalibrados para a exclusiva gasolina brasileira com 25% de etanol, ao contrário das importações ditas oficiais. Todos os carros do mercado americano admitem até 10% de etanol, sendo tal dado devidamente informado no manual do proprietário. A questão não é somente a mistura ar-combustível, mas também a corrosão provocada pelo etanol, para a qual não estão preparados. Mas se até o momento você não teve problema, é pouco provável que haja.
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