Saturday, April 15, 2017

ENTENDA O CASO DIESELGATE

Escândalo de fraudes em testes de emissões que surgiu em 2015 com Volkswagen teve desdobramentos envolvendo diversas montadoras


Escapamento soltando fumaça (Foto: Shutterstock)

Dieselgate foi o nome dado pela imprensa internacional para o escândalo de falsificação de testes de emissões de poluentes envolvendo diversas fabricantes de carros pelo mundo. O caso explodiu após a descoberta de fraude realizada pelo Grupo Volkswagen nos Estados Unidos, mas não demorou até investigações desvendarem desdobramentos em outros países (incluindo o Brasil) e até mesmo outras marcas. Entenda abaixo a evolução de uma das maiores crises da história da indústria automobilística.

18 de setembro de  2015 - Fraude é descoberta

A Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos descobre um software instalado nos veículos da Volkswagen que altera os números de emissões de poluentes apenas quando os carros são submetidos a testes. A confirmação veio a partir de uma análise do Conselho Internacional de Transporte Limpo (ICCT) em parceria com a Universidade de West Virginia, que revelou uma grande diferença entre os números de emissão do estudo e dos testes oficiais da VW. 


22 de setembro de 2015 - Volkswagen assume culpa

A Volkswagen assume que 11 milhões de carros a diesel da marca no mundo estão equipados com um software que frauda seu verdadeiro nível de emissões de poluição. A adulteração foi feita na tentativa de driblar testes de emissão de gases poluentes realizados pela Agência de Proteção Ambiental (EPA) nos EUA. A montadora alemã afirma que gastará 6,5 bilhões de euros para reparar os veículos.

23 de setembro de 2015 - Presidente da VW renuncia

O presidente global do grupo, Martin Winterkorn, renuncia ao cargo após se desculpar publicamente pela fraude revelada pela Agência de Proteção Ambiental (EPA). “Como CEO aceito a responsabilidade pelas irregularidades que foram encontradas nos motores a diesel e como aceitou o conselho do grupo, estou encerrando as minhas funções como presidente do Grupo Volkswagen. Estou fazendo isso pelo bem da empresa, embora eu não tenha conhecimento de nenhuma atitude errada da minha parte", afirma Winterkorn.

25 de setembro de 2015 - Presidente da Porsche assume VW

O presidente do conselho da Porsche (parte do Grupo Volkswagen), Matthias Müller, assume o cargo de CEO do Grupo VW após a renúncia de Winterkorn. A decisão é tomada pelos membros do conselho do grupo em meio ao escândalo de fraude nos níveis de emissão de poluentes. Müller continua no comando da Porsche. 

28 de setembro de 2015 - Audi entra na crise

Também parte do Grupo Volkswagen, a Audi anuncia que 2,1 milhões de seus veículos estão envolvidos no escândalo de fraudes de testes de emissões. Os modelos investigados pertencem as linhas A1, A3, A4, A5, A6, TT, Q3 e Q5. 

29 de setembro de 2015 - VW afirma que irá reparar carros

A Volkswagen anuncia que vai reparar todos os carros atingidos pela fraude. As marcas envolvidas devem configurar os sites nacionais para atualizar os clientes sobre a evolução do caso. Cinco milhões de carros da marca Volkswagen e um total de onze milhões em todas as marcas do Grupo, equipados com o motor a diesel EA 189 EU5 estão espalhados pelo mundo. A Audi anuncia que 2,1 milhões de unidades tiveram emissões manipuladas, enquanto a divisão de baixo custo Skoda revela 1,2 milhão de carros envolvidos.

30 de setembro de 2015 - Investigação envolve engenheiros

É descoberto que gestores da base da VW em Wolfsburg, na Alemanha, eram encarregados de lidar com todos os carros que não alcançavam as metas de emissões. Os resultados de testes eram enviados de volta para a Alemanha, antes mesmo de serem entregues à Agência de Proteção Ambiental (EPA). Quando um carro não conseguia cumprir as metas de emissões da EPA, engenheiros da Volkswagen ou da Audi eram enviados para os Estados Unidos para mexer com o veículo durante aproximadamente uma semana.

21 de outubro de 2015 - VW do Brasil é envolvida no caso

A Volkswagen do Brasil divulga um nota afirmando que 17.057 unidades da picape Amarok equipadas com motor 2.0 turbodiesel possuem o mesmo software que fraudou os testes de emissões nos Estados Unidos e Europa. Segundo a montadora, as unidades envolvidas são dos modelo 2011 e parcialmente os modelos 2012. A picape atualmente feita na Argentina é o único modelo no mercado brasileiro que possui o motor EA189, que é produzido na Alemanha e contém o dispositivo usado para as fraudes.

22 de outubro de 2015 - Fraude pode chegar a R$ 28 bilhões

O novo CEO da Volkswagen, Matthias Müller, diz esperar que o escândalo de fraudes de emissões de motores a diesel da marca custe à montadora mais do que os 6,5 bilhões de Euros estimados, montante equivalente a R$ 28,4 bilhões de na cotação atual. No pior cenário, o banco Credit Suisse estima um ônus de 78 bilhões de Euros ao grupo empresarial.

12 de novembro de 2015 - Ibama multa Volkswagen no Brasil

A Volkswagen do Brasil é notificada sobre o pagamento ao Ibama de R$ 50 milhões como multa por ter instalado em 17 mil unidades da Amarok um dispositivo que altera as emissões de óxidos de nitrogênio (NOx) durante testes. Essa é a primeira punição referente ao caso Dieselgate que a montadora recebe em território brasileiro.

16 de novembro de 2015 - Procon multa Volkswagen no Brasil

O Procon do Estado de São Paulo multa a Volkswagen do Brasil como punição por ter fraudado os motores de 17.057 picapes Amarok no país. A autuação obriga a montadora a pagar R$ 8.333.927,79 e exige que seja feito um recall "para retirar o dispositivo" que altera os níveis de emissões enquanto o carro está em testes.

2 de dezembro de 2015 - Bosch é envolvida

A fornecedora Bosch é acusada, nos Estados Unidos, de conspirar com a Volkswagen no escândalo das fraudes em emissões. A ação judicial foi movida por um proprietário de veículo a diesel de Nova York na Corte Distrital em Detroit, que cita a Bosch, a Volkswagen, o ex-presidente global da montadora alemã, Martin Winterkorn, e seu presidente nos EUA, Michael Horn.

19 de fevereiro de 2016 - Mercedes é acusada de fraude

A Mercedes-Benz é acusada de fraudar os testes de emissões de 14 modelos com motores a diesel. O processo é aberto nos Estados Unidos pela empresa de advocacia Hagens Berman, que alega que esses veículos emitem de 19 a 65 vezes mais óxido de nitrogênio do que o permitido quando a temperatura está abaixo de 10 ºC.

22 de fevereiro de 2016 - Investigação revela de VW já sabia

O jornal The New York Times descobre que, apesar de a Volkswagen só ter admitido a fraude de emissões nos motores a diesel no fim de 2015, o caso já era de conhecimento de vários executivos no começo de 2014. Arquivos em e-mail e memorandos mostram que os executivos sabiam bem antes que os veículos alterados não conseguiam cumprir as normas ambientais de emissões, mas levaram as autoridades a acreditarem no oposto quando foram pedidas explicações ainda em 2014.
maio e junho de 2016 - Suzuki é envolvida
O CEO da Suzuki, Osamu Suzuki, anuncia que deixará a posição, continuando apenas como presidente do conselho da empresa. Suzuki deixa o cargo após a empresa admitir, em maio de 2016, o uso de métodos diferentes dos oficiais na medição dos testes de consumo e emissões dos carros vendidos no Japão desde 2010.

3 de junho de 2016 - VW irá reparar mais 1,1 milhão de carros

A Volkswagen é autorizada pela Autoridade Federal de Transporte a Motor da Alemanha (KBA) a reparar mais 1,1 milhão de carros com motor a diesel que têm o software que altera as emissões de poluentes. O recall também já é iniciado na Audi, parte do Grupo Volkswagen, com os modelos A4, A5, A6 e Q5 equipados com o motor EA 189 2.0 TDI.

2 de agosto de 2016 - FCA é envolvida no caso

A agência Reuters afirma ter acessado um documento em que o Ministério de Transportes da Alemanha pede que a Comissão Europeia investigue a emissão de gases dos veículos da Chrysler, com base na suspeita de que a empresa também está usando dispositivos para fraudar emissões de poluentes. Na carta, o governo da Alemanha teria dito que os modelos Fiat 500X, Fiat Doblò e Jeep Renegade devem ser os veículos testados.

13 de agosto de 2016 - Engenheiro da VW se declara culpado

O alemão James Liang, engenheiro da Volkswagen desde 1983, se declara culpado de auxiliar a montadora em burlar os testes de emissão de gases nos Estados Unidos. Liang, de 62 anos, se apresentou ao tribunal de Detroit e firmou um acordo de cooperação com as investigações criminais.

17 de janeiro de 2017 - Renaut é envolvida na fraude

A Renault começa a ser investigada pela França, suspeita de fraude nas emissões de poluentes. Promotores franceses receberam relatórios indicando possíveis alterações nos motores a diesel da marca. Segundo a Justiça, a Renault estaria utilizando o mesmo dispositivo da VW para adulterar o resultado dos testes de emissões de gases.

16 de março de 2017 - CEO da Renault-Nissan é investigado

O órgão de fiscalização de fraudes de consumo da França diz à promotores que o CEO da Renault, o brasileiro Carlos Ghosn, deve ser responsabilizado pelas fraudes de emissão de diesel da montadora.  Os novos comentários foram incluídos em um dossiê submetido em novembro de 2016 pela divisão antifraude do Ministério das Finanças.

23 de março de 2017 - França abre investigações no país

O caso Dieselgate também envolve o Grupo FCA em território francês. Procuradores franceses abrem uma investigação para verificar se o grupo também burlou os testes de emissões de diesel de seus veículos.  A Fiat Chrysler já é investigada por fraudes em testes no Reino Unido e nos EUA.

27 de março de 2017 - Ibama conclui de VW poluiu mais que o permitido

O Ibama decide manter a multa de R$ 50 milhões aplicada à Volkswagen do Brasil por conta do dispositivo capaz de alterar os índices de emissões da picape Amarok. Estudos realizados pela Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) indicaram que a Amarok polui mais do que o permitido por lei e só foi aprovada em testes oficiais porque o dispositivo que realiza as fraudes estava ativo.

Fonte: Auto Esporte

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