Tuesday, April 25, 2017

IBAMA QUER TESTES DE EMISSÕES MAIS RIGOROSOS PARA CARROS NOVOS AINDA ESTE ANO

Motivado pela fraude nos motores da Volkswagen Amarok, projeto já está em desenvolvimento e pode ser aprovado nos próximos meses

Portable Emissions Measurement System - PEMS (Foto: Reprodução / SAE International)

A confirmação de que a Volkswagen fraudou os testes de emissões no Brasil acendeu um alerta no Ibama e pode fazer com que esse processo seja mais rigoroso. Técnicos do órgão consideram que as regras atuais estão ultrapassadas e já elaboram uma proposta para que os veículos novos, especialmente movidos a diesel, tenham que ser testados não só em laboratório, mas também em um circuito de rua.

“Apenas o ensaio laboratorial não é mais suficiente para homologar veículos. Essa mudança é necessária, sem dúvida. Isso nós vamos fazer ainda este ano, o Ibama quer aprovar essas mudanças em 2017”, afirma Gilberto Werneck, coordenador-geral de gestão de qualidade ambiental do órgão à Autoesporte. As novas avaliações seriam exigidas de todos os veículos leves e pesados que serão comercializados no país, independente do tipo de combustível utilizado.

A proposta de revisão dos testes de emissão de poluentes no país será enviada em breve ao Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), que decidirá se as novas medidas devem entrar em vigor. Segundo Werneck, este projeto começou a ser elaborado depois que testes deste tipo feitos pela Cetesb comprovaram que mais de 17 mil Volkswagen Amarok poluem mais do que o permitido pela legislação ambiental. Para driblar o processo de homologação nacional e de diversos outros países, a montadora instalou um equipamento que diminui a emissão de poluentes apenas enquanto o carro é testado em laboratório. Quando a picape está em uso comum, volta a emitir acima do permitido.

Volkswagen Amarok em testes com sistema Portable Emissions Measurement System - PEMS (Foto: Reprodução)

Para evitar esse tipo de fraude, o projeto prevê que novos veículos passem pelo teste de homologação laboratorial atual e por um novo, feito com o carro em movimento nas ruas. Assim, o dispositivo da fraude não seria capaz de identificar quando os testes estão sendo feitos. Foram exatamente testes feitos assim, com o equipamento que mede os poluentes instalado no próprio carro, que a Cetesb ao Ibama confirmou que a fraude afetou carros vendidos no nosso mercado. “[Com o caso da Volkswagen], o Ibama aprendeu que apenas o ensaio laboratorial não é mais suficiente para homologar veículos. Não existe no Brasil nenhum outro teste para comparar se houve fraude no teste de homologação”, afirma Werneck.

Dificuldades para os novos testes

Caso o projeto seja aprovado, laboratóios governamentais e das montadoras teriam que ser adaptados com novas tecnologias. No relatório final sobre a emissão de poluentes da Amarok, os representantes da Cetesb destacam que houve dificuldades em adquirir os equipamentos necessários para as novas avaliações (semelhante aos das primeiras fotos desta página), além de contratar técnicos qualificados para operá-las. O órgão também pontua que é necessário haver mais verba para financiar projetos como este.
O coordenador do Ibama acredita, porém, que esse cenário de defasagem não seria um entrave ao novo projeto. Pelo contrário, a aprovação da nova regulamentação resolveria estas lacunas. “Desde o começo do Proconve, sempre tivemos esse problema. Não tínhamos laboratório, não tínhamos equipamentos, nem pessoal técnico habilitado. Passaram-se trinta anos e os desafios continuam os mesmos”, afirma. Proconve é o Programa de Controle de Poluição do Ar por Veículos Automotores, do Ministério do Meio Ambiente.
Para ele, a exigência dos novos testes de rua fará com que as montadoras invistam mais em seus laboratórios. “Para uma multinacional decidir investir no Brasil apenas por capricho é muito difícil. Ela tem que ter uma norma que obrigue a ter um investimento em laboratórios internos de controle de qualidade para que possam ser exigidos avanços tecnológicos no Brasil”, diz. Atualmente, os testes de homologação são feitos essencialmente nos laboratórios das próprias montadoras, que passariam por modernização para atender às novas exigências. Para Werneck, a previsão de aprovar o novo projeto ainda este ano não é curto demais para que os laboratórios sejam adaptados.

Volkswagen Amarok (Foto: Pedro Danthas/Volkswagen)

Fonte: Auto Esporte

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