A Tesla, fabricante americana de carros elétricos, está passando por uma fase delicada de sua história. Há dois meses, um proprietário do sedã Model S foi morto em um acidente enquanto utilizava o sistema Autopilot (ou piloto automático) do carro, que praticamente permite que o veículo trafegue autonomamente. Para piorar a situação, uma semana depois deste episódio, outro consumidor da marca (desta vez, dono de um SUV Model X) alegou que sofreu um grave acidente também por conta do sistema.
Porém, considerando o número de vídeos que podemos encontrar de pessoas usando o Autopilot da Tesla, nenhum destes casos está influenciando o prazer dos consumidores com o recurso.
De acordo com uma reportagem publicada no youtube pelo canal de TV americanoInside Edition, os consumidores da Tesla estão arriscando suas vidas das maneiras mais inusitadas (ou até bizarras) possíveis. A reportagem compila uma série de vídeos mostrando que os consumidores variam desde brincar entre si com jogos, dormir, ler ou até mesmo trafegar sem ninguém no banco do motorista enquanto o carro se locomove sozinho pelo sistema autônomo, às vezes ultrapassando um caminhão longo numa estrada em condições escorregadias.
Para o repórter Bob Sorokanich, editor da revista Road & Track, ouvido na matéria do canal americano, a conduta dos consumidores é "muito idiota". Ele explica que o consumidor "precisa estar com suas mãos e pés preparados, porque não se sabe quando a tecnologia não vai conseguir identificar o que está acontecendo e pedir para você dirigir".
Após o acidente fatal de Joshua Brown em maio, a Tesla soltou um comunicado reforçando as orientações que os consumidores recebem toda vez que vão usar o modo Autopilot de seus carros. A companhia explicita que o Autopilot "é um recurso que demanda que suas mãos estejam sobre o volante o tempo inteiro" e que "você precisa manter o controle e a responsabilidade de seu veículo" enquanto o utiliza. A fabricante também afirma que existem diversos alertas para o carro se certificar que o motorista está atento e preparado para assumir (como mensagens sonoras e visuais), além de lembrar que o sistema autônomo ainda está em fase de experimentação (beta).
Mesmo com esta defesa, a julgar pelos vídeos mostrados na reportagem, estes alertas de conscientização ao consumidor não parecem estar surtindo o efeito esperado. Em nenhum momento (mesmo quando o carro está rodando sem ninguém no banco do motorista a 110 km/h) o carro parece atormentar o motorista como deveria para ele se manter preparado à assumir o controle.
A matéria demonstra o quanto esta atenção é fundamental para garantir a segurança do próprio motorista quando publica um vídeo em que um consumidor da Tesla se safou de um acidente por que estava preparado para assumir o volante. Pelas imagens, um Model S tentou inadvertida e inexplicavelmente invadir a faixa contrária de uma rodovia de mão dupla e quase bateu num carro que vinha em direção contrária. Se o motorista não tivesse atuado na direção, o acidente poderia ter ocorrido.
Além disso, o fato de ser uma tecnologia em desenvolvimento também rende críticas pesadas à Tesla. Na época da morte de Brown, Eric Noble, presidente da CarLab, uma consultoria automotiva dos Estados Unidos, sustentou que "nenhuma fabricante de carros venderia uma tecnologia não testada aos seus consumidores". "Nenhuma outra marca experiente deixaria este recurso nas mãos dos clientes sem testes mais profundos. Eles a testariam por milhões de quilômetros com motoristas treinados, não com consumidores."
A MORTE DE BROWN
Joshua Brown, 45, era um entusiasta da Tesla. Antes de sua morte, Brown já havia postado vídeos no youtube nos quais utilizava o Autopilot do seu Model S, sempre demonstrando prazer na ocasião. No dia 7 de maio, enquanto trafegava por uma rodovia de mão dupla, um trailer cruzou o caminho de Brown abruptamente, impossibilitando reação do sistema para aplicar os freios. Devido a altura do trailer em relação ao solo, o sedã acabou entrando debaixo do veículo, fazendo com que o parabrisa da carro se alojasse sob o trailer, o que causou a morte instantânea de Brown.
Joshua Brown, 45, era um entusiasta da Tesla. Antes de sua morte, Brown já havia postado vídeos no youtube nos quais utilizava o Autopilot do seu Model S, sempre demonstrando prazer na ocasião. No dia 7 de maio, enquanto trafegava por uma rodovia de mão dupla, um trailer cruzou o caminho de Brown abruptamente, impossibilitando reação do sistema para aplicar os freios. Devido a altura do trailer em relação ao solo, o sedã acabou entrando debaixo do veículo, fazendo com que o parabrisa da carro se alojasse sob o trailer, o que causou a morte instantânea de Brown.
Para a Tesla, que assume que o piloto automático não aplicou os freios, Joshua Brown também não teve tempo de reagir ele mesmo. E segundo o motorista do trailer, Brown estava assistindo ao filme do Harry Potter num DVD enquanto o Model S dirigia sozinho. Mesmo após a morte de Brown o filme ainda estava passando, de acordo com a testemunha. Contudo, embora a polícia confirme que havia um notebook e um aparelho de DVD no carro, os investigadores ainda não conseguiram determinar se eles estavam sendo usados no momento do acidente.
O PILOTO AUTOMÁTICO
A atualização do sistema de controle de cruzeiro da Tesla que praticamente tornou seus veículos em autônomos em determinadas situaçãos foi disponibilizada ao público em outubro do ano passado. Com ela, o piloto automático, além de permitir que o carro freie sozinho à medida que o carro da frente se aproxima (e depois retomar a velocidade programa), poderá mudar de faixas após o comando na seta indicadora e se guiar pelas faixas da rodovia para fazer curvas sozinho, mas somente em rodovias específicas, as quais o sistema possa "ler" corretamente.
A atualização do sistema de controle de cruzeiro da Tesla que praticamente tornou seus veículos em autônomos em determinadas situaçãos foi disponibilizada ao público em outubro do ano passado. Com ela, o piloto automático, além de permitir que o carro freie sozinho à medida que o carro da frente se aproxima (e depois retomar a velocidade programa), poderá mudar de faixas após o comando na seta indicadora e se guiar pelas faixas da rodovia para fazer curvas sozinho, mas somente em rodovias específicas, as quais o sistema possa "ler" corretamente.
Para que isso seja possível, o hardware que equipa os carros conta com um radar na dianteira, uma câmera traseira, 12 sensores ultra-sônicos de longo alcance que sentem tudo ao redor do carro em uma distância de 16 pés independente da velocidade, alta precisão digitalmente controlada do assistente de frenagem elétrica e GPS.
O novo software recebe todas essas informações de monitoramento e ajusta o acelerador, freios e direção, conforme necessário. Todos os carros equipados com esse sistema enviam informações para uma central, garantindo que o piloto automático está funcionando bem e se adaptando quando necessário.
Fonte: Carro Online
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