Com o novo patamar de preços do sedãs médios no Brasil, já beirando os R$ 110 mil, o novo Toyota Prius chega em boa hora ao mercado nacional, valendo-se da redução do Imposto de Importação para veículos híbridos. Dirigimos a nova geração do híbrido mais vendido no mundo, que chega ao país para democratizar (ou o menos tentar), a tecnologia híbrida. Para surpresa geral, os benefícios são bem mais amplos do que antes.
O que é?
Após mais de 5,6 milhões de unidades vendidas pelo mundo, o Prius chega à quarta geração trazendo uma série de inovações. Começando pela parte invisível, trata-se do primeiro Toyota a utilizar a nova plataforma global modular TNGA, a qual permitiu otimizar o espaço interno com a colocação das baterias embaixo do banco e manter o entre-eixos em 2,70 m, o mesmo do Corolla. O carro também cresceu 60 mm no comprimento (4.540 mm totais) e 15 mm na largura (1.760 mm), enquanto a altura foi reduzida em 19 mm (1.490 mm).
O novo design, cheio de traços triangulares, também resultou na redução do coeficiente aerodinâmico (Cx) de 0,25 para 0,24 – o menor do mundo para um carro deste porte. A dianteira, 70 mm mais baixa, também contribuiu para deixar o centro de gravidade 24 mm mais próximo do solo.
Segundo a Toyota, as formas da carroceria foram pensadas para garantir o máximo de economia de combustível. Desde a dianteira, os faróis angulados se integram com o padrão triangular que se faz presente desde o emblema, passa pelas linhas ao longo do capô e se estende até a traseira. Na lateral, a linha de cintura inclinada segue com vincos que se completam com o desenho da divisão da tampa do porta-malas. Na coluna C, o acabamento preto foi pensado para transmitir a sensação de teto “flutuante”. Na traseira, não há como passar batido o desenho em forma de bumerangue das lanternas. Até mesmo as rodas de liga leve de 15 polegadas têm partes curvadas, em forma de onda, que reduzem a resistência ao ar.
Por dentro, uma verdadeira revolução. Quem conheceu as telas e gráficos do sistema híbrido da geração anterior se sentirá em um carro bem mais moderno. É notável a qualidade dos materiais utilizados, sendo o acabamento superior ao do idolatrado Corolla, com encaixes perfeitos e arremates dignos de segmentos mais sofisticados. O painel agora tem um desenho circular que se integra às portas, o que lembra um pouco os novos interiores da Jaguar.
O quadro de instrumentos, apesar de ficar no meio do painel, dificilmente será criticado como no Etios. Possui grafismos de alta resolução e tem fácil leitura em qualquer condição de luz. Se mesmo assim incomodar, há o head-up display colorido com ótima definição que mostra a velocidade e o gráfico indicador do sistema híbrido. O novo volante, as saídas de ar retangulares com bordas arredondadas e os novos comandos do ar-condicionado são envoltos por uma moldura que se estende até as laterais. Na parte do baixo do console está o botão P (parking), o característico joystick da transmissão e os botões de seleção de modo de condução e EV Mode (puramente elétrico). Um pouco mais abaixo sai de cena o console, que ocupava um bom espaço, e entra um porta-objetos com sistema sem fio para carregar a bateria de celulares com esta tecnologia.
Como anda?
Como carro, o Prius é um sedã médio com seus 4,6 metros de comprimento, bom espaço interno e porta-malas de 412 litros. Mas, para entendê-lo, é preciso pensar um pouco fora da caixa. O propulsor a gasolina é um 1.8 litro VVT-i 16 válvulas de ciclo Atkinson que gera 90 cv de potência e torque de 14,2 kgfm a 3.600 rpm. Já o motor elétrico entrega 72 cv e 16,6 kgfm de torque. O que faz a diferença no funcionamento do sistema híbrido é a central de gerenciamento, que prioriza o motor elétrico como principal propulsor. Isso explica porque os arranques são vigorosos, pois o torque de 16,6 kgfm é entregue em sua totalidade de imediato. Em movimento, a central de gerenciamento do sistema híbrido analisa a necessidade de potência para decidir quando utilizar os dois motores de forma simultânea. Neste caso, o Prius entrega potência combinada estimada de 123 cv. Em baixas velocidades, a preferência será sempre pelo elétrico.
Entro no novo Prius e vejo que tudo está diferente. Volante novo, painel novo e central multimídia com informações do fluxo de energia, além de boa leitura do velocímetro e do display com os recursos do sistema híbrido. O aspecto da cabine melhorou significativamente, enquanto o espaço para pernas do motorista e do passageiro dianteiro aumentou. O banco do motorista é curioso, pois tem ajuste de distância e encosto manuais, mas a regulagem lombar é elétrica (fiquei um tempo pensando que o botão ajustaria a distância). A visibilidade dianteira é muito boa, mas a traseira permanece com aquela divisão do porta-malas que confunde um pouco. Os bancos possuem áreas revestidas de couro e material sintético. Percebo que o velocímetro está “aceso” e o ar-condicionado ligado, mas nada de ruído de motor. O colega que acompanha no test-drive pede para ligar o carro, mas percebo que já está ligado.
A cidade escolhida pela Toyota para o test-drive de lançamento foi Brasília, que embora tenha quase toda a malha urbana e rodoviária plana, também tem trânsito intenso em certas regiões. Ao sair, o Prius se movimenta de forma silenciosa com o seu propulsor elétrico. Mas nem por isso ele é lento, pois em várias entradas de avenidas ou vias rápidas é necessário afundar o pé para ter agilidade, e ele resolve a questão com tranquilidade, lembrando um pouco carros com motor turbo.
Durante o percurso, a Toyota preparou um roteiro onde indicava o melhor modo de condução (Eco, Normal, Power ou EV). Vale lembrar que o Prius, pelas medições do Inmetro, obteve triplo A no programa de etiquetagem com consumo de 18,9 km/litro na cidade e 17 km/litro na estrada, recebendo assim o selo Conpet de Eficiência Energética. Na primeira parte da avaliação, com cerca de 70 quilômetros, rodamos apenas no modo Eco, passando pelo trânsito de anda e para, e também por vias rápidas (80 km/h). Em dois pontos parciais de medição, apuramos a marca de 3,7 litros/100 km, ou seja, média de 27 km/litro, sempre com duas pessoas e o ar-condicionado ligado durante todo o tempo.
Na segunda parte, praticamente o caminho inverso, seguimos as recomendações nos modos de condução. No trânsito, o conselho foi deixar o modo Eco ativado, pois assim a resposta do acelerador e o ar-condicionado seriam otimizados para redução de combustível. Nos trajetos onde a velocidade ficava na média dos 50 km/h, a indicação foi utilizar o modo Normal. Já nos trajetos de maior velocidade, a sugestão era colocar no modo Power. A justificativa da Toyota é que o sistema de gerenciamento híbrido entrega a melhor condição possível para economia.
Com o modo Power ativado o Prius entrega potência e torque mais rapidamente, o que além de deixar o carro mais ágil, permite atingir a velocidade máxima da via em tempo menor e a “inteligência” do sistema passar a economizar a partir daí. O resultado? Variando entre os modos conforme a Toyota orientou, obtivemos médias durante o segundo trajeto de 3,4 litros/100 km, ou seja, 29,4 km/litro! Isso nos mostrou que na primeira parte a opção por deixar o modo Eco ativado durante todo o tempo exigia mais do acelerador para ganhar velocidade nas vias rápidas e assim acabava gastando mais.
Vale destacar que todo o processo de gerenciamento energético é feito de modo imperceptível, embora você tenha o visor de uso do motor elétrico e do a combustão, o que faz com que você fique focado em permanecer dentro da margem econômica. Isso aparece até no head-up display projetado no para-brisa para te desafiar ainda mais! Tudo funciona sem trancos ou alterações de vibrações na cabine.
Por falar nisso, a nova geração do Prius chega com nível de ruído bem mais baixo do que a geração anterior, reflexo dos novos painéis isolantes no cofre do motor e laterais. A direção elétrica é bem precisa, assim como o câmbio automático CVT trabalha de forma linear e sem precisar forçar o motor para entregar desempenho. Outro avanço está na carroceria, agora com novas estruturas frontais, laterais e traseiras, além de materiais de maior resistência que ampliaram a rigidez estrutural em 60%.
Outro ponto abordado pela Toyota foi a sensação de prazer ao dirigir. Não estamos falando daquela sensação de esportividade que faz o coração disparar, mas o contrário disso. Pensado para ser eficiente nos grandes centros urbano, o Prius é um carro “Stress-Free”, segundo a marca. Aquele anda e para, primeira e segunda marchas, trânsito pesado e ruído do motor dos carros convencionais fazem os motoristas se irritarem aos poucos. No Prius, a condução silenciosa proporcionada pelo baixo nível de ruído do motor elétrico proporciona bem-estar para os ocupantes e reduz a poluição sonora à sua volta. Para provar sua teoria, a Toyota fez um experimento com 30 motoristas no caótico trânsito de Roma e o mostra no vídeo abaixo.
Quanto custa?
O preço do novo Prius é de R$ 119.950. Caro? Depende do ponto de vista. Para o consumidor que quer apenas um carro econômico, sim. Já para o consumidor que deseja um sedã médio com muita tecnologia embarcada e uma imensa lista de itens de série, além de muito econômico, a coisa muda de figura. Pegamos como referência o Corolla, carro da mesma casa que em sua versão de topo Altis custa R$ 106.150 com a pintura perolizada. Por R$ 13.800 a mais, além do conjunto híbrido, o Prius entrega muito mais recheio: ar-condicionado dual zone com comando S-Flow (que identifica quais assentos estão ocupados e direciona o ar refrigerado de forma automática), carregador de celular sem fio, bancos dianteiros com aquecimento, banco do motorista com ajuste lombar elétrico, head-up display (HUD) colorido, abertura das portas por aproximação (Smart Entry) e botão de partida, três modos de condução (Eco, Normal, Power e EV) e os controles de estabilidade (VSC) e tração (TRC). O conjunto óptico também se difere por ser praticamente todo em LED, o que inclui faróis, luzes diurnas, luzes de neblina e lanternas traseiras.
O pacote do Prius ainda traz de série o sistema multimídia com tela de 7 polegadas sensível ao toque (sistema de áudio JBL, TV digital, DVD Player, navegação GPS e câmera de ré, entrada USB e AUX), revestimento dos bancos parcial em couro e material sintético, vidros elétricos nas quatro portas com função “um toque”, coluna de direção com ajuste de altura e profundidade, computador de bordo com cinco funções, retrovisor interno eletrocrômico, retrovisores externos elétricos com desembaçador, sensor de chuva, volante em couro com comandos integrados (áudio, computador de bordo, piloto automático e ar-condicionado) e banco traseiros bi-partido (60/40), entre outos equipamentos.
Outro ponto que a Toyota vai trabalhar forte é no plano de manutenção. Para isso, divulgou os valores da tabela de revisão programada até os 60 mil quilômetros com custo total de R$ 3.395,11 – já incluindo peças e mão de obra. Também vale colocar na ponta do lápis, além da economia de combustível que pode ser obtida ao longo do ano, os valores diferenciados de IPVA (que variam entre Estados e Municípios). No Rio de Janeiro, por exemplo, a alíquota do IPVA é de apenas 1% do valor venal do veículo para os híbridos. Na cidade de São Paulo, a prefeitura devolve 50% do valor pago e também isenta o motorista do rodízio municipal.
Sabe aquele diferença de preço em relação ao Corolla? Pois então, ela pode realmente ser tirada em pouco tempo e usufruindo de um carro muito mais tecnológico e amigo do meio-ambiente. Não parece fazer sentido agora?
Por Fábio Trindade, de Brasília (DF)
Viagem a convite da Toyota do Brasil
Viagem a convite da Toyota do Brasil
Motor combustão: dianteiro, quatro cilindros, 16 válvulas, 1.798 cm3, gasolina; 98 cv a 5.200 rpm; 14,2 kgfm a 3.600 rpm; Motor elétrico: 72 cv, 16,6 kgfm; Potência combinada: 123 cv; Transmissão: automática continuamente variável CVT; Direção: elétrica; Suspensão: tipo MacPherson na dianteira e Multilink na traseira; Freios: discos ventilados na dianteira e sólidos na traseira, com ABS; Rodas: liga leve aro 15″ com pneus verdes 195/65 R15; Peso: 1.400 kg; Capacidades: porta-malas 412 litros, tanque 43 litros; Dimensões: comprimento 4.540 mm; largura 1.760 mm; altura 1.490 mm; entre-eixos 2.700 mm; Preço: R$ 119.950 (junho 2016)
Tabela de Revisão Toyota Prius 2016 | ||
---|---|---|
10.000 KM ou 12 meses | R$ 219,88 | ou 3x R$ 73,29 |
20.000 KM ou 24 meses | R$ 596,40 | ou 3x R$ 198,80 |
30.000 KM ou 36 meses | R$ 406,80 | ou 3x R$ 135,60 |
40.000 KM ou 48 meses | R$ 791,70 | ou 3x R$ 263,90 |
50.000 KM ou 60 meses | R$ 380,85 | ou 3x R$ 126,95 |
60.000 KM ou 72 meses | R$ 999,48 | ou 3x R$ 333,16 |
Valores divulgados pela Toyota válidos até 30/09/2016 Fonte: Car Place |
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